Terapia nutricional na sarcopenia em idosos

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Terapia nutricional na sarcopenia em idosos

A perda da massa magra e da função do músculo esquelético são características do envelhecimento, que podem estar associadas à limitação funcional, incapacidade e até a mortalidade. Essa atrofia muscular associada à idade é denominada sarcopenia e a terapia nutricional na sarcopenia em idosos é um das principais estratégias para prevenir e minimizar o agravo dessa doença.

Em músculos saudáveis, as proteínas e os aminoácidos estão constantemente em equilíbrio, entre síntese e degradação proteica. Este equilíbrio é alterado em pessoas idosas, por diversas razões, que culmina em uma taxa de síntese muscular reduzida.

Diante desses fatos, a Sociedade Europeia de Nutrição Clínica e Metabolismo (ESPEN) publicou um guideline em 2018 específico para a nutrição clínica e hidratação do idoso. As recomendações referentes à terapia nutricional na sarcopenia em idosos e a nutrição em geriatria em geral são:

  1. Recomenda-se que o idoso deve receber 30 kcal/kg/dia e oferta proteica de no mínimo de 1 g/kg/dia. Tais valores devem personalizados de acordo com o estado nutricional, nível de atividade física, tolerância, a doença atual e/ou presença de comorbidades;
  2. Não havendo deficiências de micronutriente específico, a dieta deve conter as quantidades de micronutrientes recomendadas para o idoso saudável;
  3. Todos os idosos, independentemente dos diagnósticos, devem ser rotineiramente avaliados para detectar a presença de desnutrição, usando uma ferramenta válida de triagem nutricional. A avaliação nutricional completa deve ser realizada naqueles identificados pela triagem, e logo após deve ser definido um plano de atendimento nutricional, com monitoramento constante e com ajustes no plano de atendimento, quando necessário;
  4. A intervenção nutricional no idoso deve ser individualizada e abrangente, com o objetivo de obter uma ingesta nutricional adequada, manter ou melhorar o estado nutricional e melhorar a qualidade de vida;
  5. As causas da desnutrição e desidratação devem ser identificadas e eliminadas o mais rápido possível. As restrições alimentares, que podem causar diminuição no consumo das refeições, devem ser revistas e/ou evitadas;
  6. Os idosos com desnutrição ou com risco de desenvolvê-la, que precisam de ajuda para alimentação, hospitalizados ou não, devem receber assistência durante as refeições para garantir uma ingesta suficiente. Para ajudar na ingestão alimentar, os idosos hospitalizados devem permanecer, no momento das refeições, em um ambiente tranquilo, agradável e o mais semelhante possível ao de sua casa. Os idosos em lares específicos devem ser estimulados a realizar as refeições junto com outros idosos;
  7. Os idosos com desnutrição ou com risco de desenvolvê-la devem receber informações e serem instruídos sobre os problemas nutricionais a fim ficarem vigilantes sobre o tema e também melhorarem sua alimentação;
  8. Os profissionais de saúde e os cuidadores também devem ser instruídos sobre as questões nutricionais, de modo a ficarem atentos à quantidade de alimentos consumida pelos idosos.
  9. Todos os idosos com desnutrição ou em risco de desenvolvê-la devem receber:

  • Dietas enriquecidas de modo a atingir a sua meta nutricional;
  • Lanches adicionais de modo a facilitar a ingesta oral;
  • Alimentos pastosos caso tenham dificuldade de mastigação ou de deglutição;
  • Suplemento Nutricional Oral (SNO) a partir do momento em que a ingestão nutricional se tornar insuficiente;
  • SNO após a alta hospitalar de modo a garantir a ingesta nutricional adequada.
  • Ser orientados a manter a SNO por pelo menos 30 dias. A aderência a SNO, a eficácia e os benefícios devem ser avaliados a cada 30 dias. O tipo, a textura, o sabor e o horário para o consumo dos suplementos devem ser individualizados.

10. A Nutrição Enteral (NE) nos idosos deve ser iniciada se a ingestão oral não for possível por mais de 3 dias, ou se ficou abaixo da metade de suas necessidades diárias durante 7 dias, apesar das intervenções realizadas para aumentar a ingestão. Os benefícios esperados e os riscos potenciais da NE devem ser avaliados individualmente e reavaliados periodicamente ou quando as condições clínicas do idoso mudarem.

11. Idosos que necessitem de NE por menos de 4 semanas, devem receber a dieta por sonda nasogástrica. Quando a duração prevista da NE for superior a 4 semanas e naqueles intolerantes à sonda nasogástrica, deve ser realizada a gastrostomia endoscópica. A alimentação oral deve ser encorajada mesmo na presença da sonda nasogástrica ou da gastrostomia.

12. Nos indivíduos desnutridos, a Nutrição Parenteral (NP) ou a NE devem ser iniciadas sem demora, com oferta nutricional progressiva durante os 3 primeiros dias, sendo que os níveis séricos de tiamina, fosfato, potássio e magnésio devem ser monitorados para que se evite a síndrome de realimentação.

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EasyDiet, feito por nutricionistas para nutricionistas.

Autor do texto: Matheus Medeiros

O blog da EasyDiet é aberto para qualquer nutricionista ou estudante de nutrição enviar textos. Por isso, a responsabilidade do conteúdo do texto é inteiramente do autor(a) e não reflete necessariamente o posicionamento da empresa.

Referência: https://www.espen.org/files/ESPEN-Guidelines/ESPEN_GL_Geriatrics_ClinNutr2018ip.pdf

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