O que é mais importante: índice ou carga glicêmica?
Provavelmente você já teve contato com os conceitos e diferenças entre índice glicêmico e carga glicêmica. Mas na prática, o que é mais importante: índice ou carga glicêmica?
Mas antes de responder, vamos relembrar os conceitos e diferenças. Índice glicêmico, basicamente, é uma medida que representa o impacto dos carboidratos presentes nos alimentos na concentração de glicose no sangue (glicemia). Ou seja, alimentos que provocam um maior aumento na glicemia têm maior índice glicêmico. E o contrário também é verdadeiro. Para se tomar como referência nessa medida utiliza-se pão branco ou uma solução de glicose (50 g de carboidratos para ambos os casos). Porém, a utilização da glicose é mais recomendada porque o pão tem diversas prováveis variações da sua composição, o que pode influenciar nos resultados.
O índice glicêmico pode ser classificado em baixo, médio ou alto, dependendo do impacto na glicemia provocado pela ingestão do determinado alimento.
Classificação | Índice glicêmico do alimento (%) |
Baixo | ≤ 55 |
Médio | 56 a 69 |
Alto | ≥ 70 |
Já a carga glicêmica é a quantificação do efeito total de uma determinada quantidade de carboidratos na glicemia. Mas como assim o “efeito total”? Isso porque a carga glicêmica leva em conta o próprio índice glicêmico do alimento e a quantidade de carboidratos em si do alimento. Ou seja, por envolver essas duas variáveis, a carga glicêmica leva em consideração tanto a quantidade como a “qualidade” dos carboidratos dos alimentos. Assim como o índice glicêmico, a carga glicêmica também possui classificações de baixo, médio e alto, de acordo com a carga glicêmica do alimento.
Classificação | Carga glicêmica do alimento (g) |
Baixo | ≤ 10 |
Médio | 11 a 19 |
Alto | ≥ 20 |
E na prática? Qual devo usar?
Ambos conceitos têm sua respectiva importância. Porém, a carga glicêmica por avaliar tanto a quantidade como a qualidade dos carboidratos que impactarão a glicemia, acaba tendo um peso maior nas tomadas de decisão. Por exemplo, a melancia apresenta um alto índice glicêmico (80%), porém, por ter uma quantidade pequena de carboidratos (5 g em 100 g), tem uma carga glicêmica baixa. Traduzindo-se, apesar do alto índice glicêmico, o impacto na glicemia é pequeno devido à baixa quantidade de carboidratos. O contrário também pode acontecer. Por exemplo, o espaguete cozido (porção de 180 g) possui um baixo índice glicêmico (46%) e uma alta carga glicêmica (22 g). Nesse caso, apesar do baixo índice glicêmico, o impacto na glicemia é alto devido à alta quantidade de carboidratos.
Porém, vamos para um terceiro exemplo. O espaguete cozido, mas integral tem baixo índice glicêmico (42%) e uma carga glicêmica média (17 g). E por que existe essa diferença entre a forma “normal” e a integral? Porque há fatores que influenciam o impacto dos alimentos na glicemia. Teor de proteínas, aminoácidos livres, lipídeos e fibras do próprio alimento afetam a absorção dos carboidratos a nível intestinal, assim o impacto na glicemia pode variar de acordo com a presença e concentração desses nutrientes no próprio alimento ou refeição. Além disso, a variabilidade intra e interindividual da resposta glicêmica aos alimentos também são fatores para se levar em consideração à aplicabilidade dos conceitos de índice e carga glicêmica na prática clínica.
Em resumo…
O uso dos conceitos de índice e carga glicêmica não substitui a estruturação da conduta nutricional como um todo, pode ser apenas complementar. Estimular o aumento do consumo de frutas, vegetais e legumes, além da escolha por produtos integrais e menos processados acaba sendo mais assertivo e de mais fácil entendimento para os pacientes de modo geral.
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Autor do texto: Matheus Medeiros
Referências:
Dietary carbohydrate (amount and type) in the prevention and management of diabetes: a statement by the American Diabetes Association. 2004.
International table of glycemic index and glycemic load values. 2002.
Glycemic index and disease. 2002.
Glycemic index in chronic disease: a review. 2002.
International tables of glycemic index and glycemic load values. 2008.
A nova revolução da glicose: a solução para a saúde ideal. 2003