Glutamina: da teoria à prática

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Glutamina: da teoria à prática

A glutamina é o nutriente preferido das células intestinais e do sistema imune. Mas devido a esse fato, muitas pessoas acabam associando e acreditando que suplementar glutamina aumenta a imunidade. Antes de falar sobre essa associação com o sistema imune, vamos falar um pouco sobre a absorção intestinal da glutamina.

Esse aminoácido é utilizado como fonte principal de energia dos enterócitos, assim, cerca 70% da glutamina que chega no intestino é consumida pelos enterócitos, e os 30% que passa para o sangue ainda pode reaproveitado por essas próprias células. 

Como praticamente não sobra glutamina nesse processo para ser aproveitada por outras células, logo ela não estimula diretamente o aumento da imunidade. Porém, a glutamina é útil na melhora do funcionamento intestinal. E pelo fato de ser muito bem absorvida e utilizada pelas células intestinais, ela pode contribuir indiretamente para o sistema imune. Vamos explicar o porquê ser indiretamente.

A medida que se melhora o funcionamento do intestino, muitas vezes por consequência, se ver melhora também da imunidade. É comum o comprometimento imune devido ao mau funcionamento do intestino, devido à alterações na barreira das células intestinais (tight junctions). 

O “afrouxamento” dessa barreira leva a uma maior permeabilidade de microrganismos e moléculas pró-inflamatórias, como patógenos, toxinas e antígenos, do ambiente luminal para os tecidos da mucosa e sistema circulatório. Estudos mostram que a glutamina pode melhorar tight junctions, mantendo permeabilidade intestinal em níveis normais. Por isso, acaba melhorando o seu sistema imune. Mas perceba que a melhora da imunidade é de uma forma indireta.

Levando para a prática…

A glutamina é bastante utilizada em casos de síndrome do intestino irritável, com a finalidade de reparação das células do intestino, regularizando o fluxo intestinal e tendo assim um papel essencial no equilíbrio e saúde do intestino. Em casos de intestino desregulado, seja por obstipação ou por diarreia, a glutamina pode ajudar no fluxo intestinal, funcionamento das células intestinais e na formação do bolo fecal. 

A glutamina também pode ser benéfica em casos de mau funcionamento das células intestinais devido a doenças ou por comprometimento secundário, em alguns casos de doença de Crohn e intolerância à lactose, por exemplo. Já em pacientes que tenham tumores ou câncer do trato gastrointestinal não é recomendada a suplementação por ser um nutriente estimula o maior funcionamento e replicação das células intestinais.

Quando vamos falar da aplicação no esporte, a suplementação de glutamina não tem comprovação científica de aumentar o rendimento e performance, seja relacionado com a melhora do condicionamento físico ou hipertrofia. 

Sabe-se que a glutamina pode estimular a via mTOR, responsável pela síntese de produção de proteínas, porém, com a glutamina essa via é estimulada nas células intestinais, e não no músculo. Assim, a suplementação de glutamina não atua no processo de hipertrofia muscular.

Em atletas, é comum haver o comprometimento das tight junctions devido a hiperperfusão do intestino. Assim, atletas tem uma maior probabilidade de ter uma maior permeabilidade intestinal, e por consequência, ter a imunidade afetada. 

Vale ressaltar que essas alterações na barreira intestinal acontecem com atletas de alto rendimento, e não em desportistas. E nesses casos de alto rendimento e por esse motivo das alterações nas tight junctions, a suplementação de glutamina pode ser útil e os estudos mostram resultados efetivos sobre a performance e imunidade.

Doses recomendadas

A literatura mostra uma comprovação científica é na faixa de 5 a 10 g podendo ser dividida e oferecida em jejum ao acordar e antes de dormir, ou seja, distante das refeições para melhorar sua absorção. Na prática, ao invés de dar os 10 gramas de uma vez, você pode fracionar 5 g em jejum ao acordar e 5 g antes de dormir para ter um melhor aproveitamento da glutamina.

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Autor do texto: Matheus Medeiros

Referências:

Glutamine in critical care: current evidence from systematic reviews. 2006.

Oral supplementation with L-glutamine alters gut microbiota of obese and overweight adults: A pilot study. 2015.

Glutamina como coadyuvante en la recuperación de la fuerza muscular: revisión sistemática de lá literatura. 2015.

Effect of Glutamine supplementation combined with resistance training in young adults. 2001.

Membrane transporters for the special amino acid glutamine: structure/function relationships and relevance to human health. 2014.

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